terça-feira, 9 de outubro de 2007

A Verdade que Salva

Que é a Verdade?

No mundo hoje, existem muitas verdades. Verdades que machucam, verdades que escandalizam, verdades que decepcionam, verdades que intrigam, verdades muitas vezes apresentadas pela metade, enfim, verdades para satisfazer o diversificado gosto das pessoas.

Portanto, a bem da verdade, é correto que se destaque a existência de verdades balsâmicas, verdades que curam, verdades que alegram, verdades que satisfazem, verdades que esclarecem, verdades que são verdades, enfim, verdades para satisfazer as mais profundas e significativas necessidades das pessoas.

Uma relevante verdade que precisamos saber e aceitar, se é que desejamos ter supridas nossas necessidades básicas, refere-se à nossa verdadeira condição de seres humanos, cuja natureza pecaminosa nos torna presas frágeis diante das “astutas ciladas do diabo”. Em palavras mais simples e diretas, temos uma grande facilidade para nos afastarmos do plano de Deus para nosso viver e assim cometermos pecados horríveis aos olhos de nosso Pai de amor. Outro aspecto essencial de nossa natureza pecaminosa tem a ver com a tendência para nos satisfazermos com as verdades que machucam, verdades capazes de criar um escândalo, verdades cuja divulgação faz as pessoas se decepcionarem, verdades apresentadas de tal forma que chegam a intrigar os mais sensatos, verdades às vezes propagadas apenas em parte, desligadas de seu contexto geral, enfim, verdades que longe de nos proporcionar alimento para a alma, têm a propriedade de exercer uma influência danosa, satisfazendo nosso ego, sim, mas nos afastando da verdade que transforma e nos torna semelhantes Àquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, Cristo Jesus, nosso Senhor.

A constatação dessa aresta de nossa natureza com tendências para nos satisfazermos com as nefastas verdades dos erros alheios sejam eles cometidos pelas pessoas isoladamente, ou em nome de uma instituição religiosa qualquer deve nos fazer pensar seriamente nas palavras de Cristo em Mateus 7: 1 a 5:

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão”.

As palavras de Cristo são claras, diretas e acima de tudo incisivas. Mais ainda, indigestas, bem diferentes das palavras usadas por João no Apocalipse (cap. 10:10) referindo-se ao livrinho cujas palavras eram “doce como o mel”, mas em seu “estômago ficou amargo”. Jesus, sem rodeios, proferiu palavras amargas do começo ao fim, deixando claro que ao emitirmos um juízo sobre o nosso próximo, somos passíveis de julgamento. A nossa dificuldade para digerir as palavras de Cristo se deve exatamente à nossa pecaminosidade, também tendenciosa a justificarmos nossos atos, julgando-os corretos e necessários a fim de que a verdade seja exaltada, não importando se ela machuca, escandaliza, decepciona, intriga ou ainda se está sendo divulgada apenas em parte, isolada de seu contexto amplo que envolve outros aspectos que, devidamente apresentados, proporcionariam uma visão correta do assunto em pauta.
No entanto, as palavras de Cristo, longe de insinuar que devemos fazer vista grossa aos erros do nosso próximo, nos advertem contra o perigo da incoerência, pois afinal somos todos pecadores e sujeitos aos mesmos erros, razão pela qual proferiu as solenes palavras aos escribas e fariseus que flagraram a mulher em adultério: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”. (João 8:1 a 11).

Importa que se considere ainda que as palavras de Cristo, além da advertência contra a incoerência e o fato de sermos passíveis de julgamento, contém uma intrínseca apologia quanto ao nosso dever de amarmos o nosso próximo que se encontra em erro e para com ele expressarmos a misericórdia.

A esta altura de nossas considerações é possível que, pelo fato de estarmos apregoando a importância do amor e misericórdia para com os que erram, já os mais variados juízos estejam se formando a nosso respeito, tanto maus quanto bons. Para quem, porventura esteja emitindo mau juízo a nosso respeito, é importante que deixemos claro que, sendo humanos, todos estamos no mesmo barco, sujeitos às mesmas intempéries causadas pelo pecado em nossa natureza.

Erros merecem punição?

O objetivo de nossa dissertação não se trata de uma defesa aos erros que indivíduos tenham cometido em seu próprio nome ou em nome de uma ou outra instituição religiosa. Muito pelo contrário, pois erros são erros e por causarem transtornos, são passíveis de punição. Faz parte do ensino religioso que aquele que comete pecado, pague pelo pecado que cometeu. Trata-se da lei da semeadura e colheita exarada claramente em Gálatas 6:7:

“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”. Confirmada em Apocalipse 22:12: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras”.

Quanto ao assunto em pauta, o de pronunciarmos juízos sobre os erros cometidos por alguém, Jesus foi outra vez direto ao ponto quando os fariseus, que nos Evangelhos são identificados como hipócritas, atribuíam ao demônio, um milagre de Jesus ao libertar um jovem endemoninhado. Após dizer claramente que tais pessoas faziam parte de uma “raça de víboras”, afirmou no verso 37 de Mateus capítulo doze: “porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado”.
Ora, se pessoas que se arvoram em promotores para encaminhar o andamento das causas e certos atos de justiça de erros pessoais e institucionais, bem como juízes para emitir a sentença de sua culpabilidade estão sujeitas ao julgamento divino, quanto mais aqueles que, devido erros por eles cometidos, deram oportunidade para a fomentação pública provocando machucaduras irreparáveis, escândalos que decepcionam, intrigas que excitam a malquerença, verdades contadas apenas em parte que criam um mal-estar geral nos ouvintes e leitores, sim... quanto mais quem de alguma forma provocou todo esse clima de desordem entre os crentes, terá de prestar contas diante de Deus.

Não são poucas as referências bíblicas que condenam aqueles que fazem outros a pecar. Em 1 Reis nós encontramos um exemplo de um rei, Baaza, que “fez o que era mau aos olhos do Senhor” (15:34). A reação de Deus? No capítulo 16:2 lemos: “Porquanto te levantei do pó e te constituí príncipe sobre o meu povo de Israel, e tens andado no caminho de Jeroboão e tens feito pecar a meu povo de Israel, irritando-me com os seus pecados”.

Sem entrar no mérito da questão, ou seja, os erros que porventura vêm sendo cometidos, pois este não é o nosso objetivo, deixamos claro pela Luz das Escrituras Sagradas que agir erroneamente diante dos olhos do Senhor significa irritá-lO. Principalmente, quando nossos erros levam outros a pecar, não importa como, se aceitando e seguindo nossos erros, ou dando oportunidade para que outros venham a fomentá-lo publicamente.Um erro que venhamos a cometer não justifica o erro de tantos outros qualquer que seja a racionalização. Em qualquer das situações estaremos desonrando a Deus e agradando ao inimigo que deseja ver o arraial dos filhos de Deus em estado de calamidade públical.

Em tais circunstâncias, qual deve ser nossa atitude, ao constatarmos um erro de nosso irmão ou da instituição da qual fazemos parte? Sair a público e denunciar a todo pulmão, já vimos que não é uma atitude de seguidor de Cristo. Racionalizar, não resolve o problema, pois continuaremos fazendo a obra de Satanás. Jesus foi claro e é um ensino puramente bíblico. Lemos em Mateus 18:15: “Se o seu irmão pecar contra você, vá e mostre-lhe o seu erro. Mas faça isso em particular, só entre vocês dois. Se essa pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o seu irmão”. (NTLH). Em Gálatas 6:1 temos mais: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”.

Denúncias públicas X Cristianismo prático

Parece ser um ato heróico e corajoso divulgar os erros de alguém tornando-os públicos, passando assim a imagem de estar a serviço do saneamento básico nas fileiras do povo de Deus. Isso, porém, denota a fraqueza e o temor de encarar a pessoa em erro. Ir até a pessoa, em particular, nisso sim, se manifesta a verdadeira coragem do verdadeiro cristão. Coragem que pode desencadear outro ato de coragem, o do arrependimento daquele que está no erro. Se em nossa maneira de definirmos coragem imaginamos palavras duras, ásperas, ferinas, sarcásticas, a Palavra de Deus nos estimula ao “espírito de brandura” que pressupõe a mansidão, característica dAquele que é o Exemplo no trato com o pecador.

E se aquele que se encontra em erro ou leva outros a pecar não quiser ouvir? O ensino de Cristo continua claro em Mateus 18: 16 a 18:

“Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus”.

Diante de orientações tão objetivas não há como justificar atitudes não condizentes com o espírito cristão quanto ao tratamento dos casos de “abusos e mudanças doutrinárias” que vêm sendo divulgados. É possível concordarmos com as dificuldades e obstáculos que serão encontrados nesse caminho do diálogo cristão em busca da solução do impasse que vem se prolongando e criando divisões entre o povo de Deus. E essas dificuldades não serão exclusividade do grupo da “situação” ou da “oposição”. É possível que ambos apresentem dificuldades e justificativas para se omitirem dessa “trégua” visando o entendimento e o bem comum da igreja como um todo. Tudo, porém, a nosso ver, não passará de racionalização e fuga ao dever cristão quanto à busca do consenso envolvendo assuntos controvertidos. O exemplo bíblico relatado no livro de Atos, capítulo 15, tem sido observado? Em que termos?

Como expectador, não me sentindo bem com o clima de “guerra” que vem se intensificando, tenho me dirigido, se não a todos, pelo menos a alguns de ambos os lados, mais pelo lado da liderança da igreja, argumentando com base nas Escrituras, sugerindo e incentivando o diálogo cristão entre ambas as partes, pois creio que as pessoas tanto de um lado como do outro, são sinceras e desejam o bem da igreja, salvo as exceções que infelizmente sempre existem.

Não tenho sugerido reuniões no sentido vertical na qual os teólogos falam e os demais devem ouvir. Tenho sugerido uma espécie de concílio onde, em plano horizontal, todos os interessados possam discutir os assuntos pautados com antecedência, todos baseados a princípio somente nas Escrituras Sagradas. Tenho sugerido jejum e oração, respeito e consideração mútuos, pois se assim não for jamais haverá entendimento, seja lá qual for. O espírito de Cristo deve reinar absoluto. (leia também o artigo "Divergências na Igreja")

Para tanto, o preparo do coração deve começar desde já com a pregação das verdades balsâmicas, verdades que curam, verdades que alegram, verdades que satisfazem, verdades que esclarecem, verdades que são verdades, enfim, verdades para satisfazer as mais profundas e significativas necessidades das pessoas. Verdades que exaltem a Cristo Jesus. Verdades que, ao invés de polemizar, crie e desenvolva o desejo nas pessoas de aceitarem a Jesus como Salvador pessoal.

Esse, o motivo pelo qual decidi pela publicação deste blog. 1 Coríntios 9:16 “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!”

Um abraço! Que Deus esteja sempre ao nosso lado.

Leia também o artigo "Situação X Oposição - Quem ganha esse jogo?"